Desenho de Som em teatro

A engenharia de sistemas de som para teatro requer aplicações únicas de reforço de som, amplificação e tecnologias de processamento áudio. O ‘design’ deve considerar os requisitos específicos de um espetáculo, seja ele um drama, um musical, uma comédia ou outro, requerendo a atenção cuidada sobre o texto, a sua dramaturgia e sobre os ensaios, bem como a engenharia de som, as medições electroacústicas e consequente afinação metódica adequada ao espaço. Para esse efeito é de extrema importância a opção do sistema de amplificação e a sua implantação, bem como a escolha/disponibilidade da aparelhagem que permita a acessibilidade necessária à manipulação dos parâmetros pretendidos e que assegurem a sua repetitividade espetáculo após espetáculo, salientando ainda a importância da perícia e sensibilidade do operador de som para esse controlo.

Speech Intelligibility Papers, Ralph Jones, ed. Rachel Murray, P.E., Meyer Sound Laboratories Inc.

Um dos elementos do ‘design’ de som é a amplificação dos actores, que tem como objetivo base a inteligibilidade da palavra para o público, não obstante as condicionantes acústicas da caixa de palco, a movimentação, o posicionamento e a distância dos atores em relação à audiência. O desenho de som, neste objetivo elementar, deve manter a teatralidade do espectáculo sem se tornar intrusivo. O público deverá ter a sensação do som das vozes provindo dos atores que estão situados no palco e não das colunas por onde é realmente emitido. Sendo atualmente relativamente fácil produzir som de alta fidelidade, esta é a diferença que poderá distinguir um desenho de som de um simples reforço de sonoro.

O recurso à captação da voz dos actores, ou de outros elementos sonoros, permite a sua manipulação através do processamento de efeitos digitais que recriam espaços acústicos, ou que acentuam o sentido dramático de frases ou palavras, ou até o carácter de um personagem.

Trabalhando com o encenador, o desenhador de som providencia o efeito sonoro requerido pelo texto e, manipulando esse som, adiciona um elemento criativo, processando-o de forma adequada ao sentido dramatúrgico da encenação. Em colaboração com o compositor, faz a ponte entre a concepção da banda sonora e a sua materialização no espaço cénico e no tempo da ação.  

“Uma Noite no Futuro”, Teatro Carlos Alberto, 2018.

Conjugando o palco e o auditório, o cenário e os objetos, o texto e a oralidade, a localização e movimentação dos atores, planifica as imagens sonoras através da espacialização na reprodução de música, ambientes e efeitos sonoros de forma a manter a imagem sonora coerente com a imagem do palco.

Os elos finais de um desenho de som são o microfone e o altifalante, sendo a eletroacústica a tecnologia ao seu serviço.